Qual o segredo para difundir a música da Pan-Amazônia dentro do próprio território?

Importantes nomes se reuniram nesta manhã para discutir sobre o fortalecimento da distribuição de música na Pan-Amazônia

Texto: Frida Menezes | Fotos: Liliane Moreira | Edição: Gustavo Aguiar

Mediada pelo música e compositor paraense de Castanhal, Elder Effe, o painel reuniu Zate,do festival colombiano Negrofest, Elisa Maia, artista e responsável pelo festival manaura Até o Tucupi e Pratagy,  do selo independente paraense Caqui. Juntos, eles debateram sobre o mercado musical e estratégias para o fortalecimento da distribuição de música a partir de suas perspectivas e compartilharam suas histórias relacionadas ao tema nesta última manhã de Motins.

O colombiano Zate, que já conhecia o Brasil mas pela primeira vez esteve na Amazônia convidado pelo Motins, frisou a necessidade de reconhecer a importância desse território para o ecossistema cultural do continente. Ele, que dedicou a vida toda à arte produzindo música afro, funk, hip hop, afrobeat etc, há 8 anos dirige o Negrofest, promovendo a cultura negra em Medellín, principalmente na música. Porém, a marca se expandiu para moda e outras áreas criativas, tendo a primeira academia de modelos negros de Medellin, além de um espaço educativo voltado para crianças. 

Tendo iniciado como cantora, Elisa Maia hoje em dia produz o Festival “Até o Tucupi”, há mais de 20 anos trabalhando profissionalmente com música no Amazonas. A produção cultural levou ela a essa multidisciplinaridade e poder de dialogar com outras partes da Amazônia e do Brasil, para além de cantar: “Pensando arte e cultura para além do meu próprio universo musical, era o caminho [que eu precisava] para ter longevidade como artista”, revela a artista sobre a necessidade de ocupar o posto de produtora cultural. 

Pratagy, que é músico, compositor e produtor musical, comentou sobre a importância de fazer do trabalho individual um trabalho coletivo. Além de relembrar o início da sua carreira, quando o streaming ainda não estava no seu auge e as lógicas de fazer música eram outras, ele compartilhou expectativas para futuras produções e trouxe como questão a necessidade de um apoio para o artista na distribuição de seu trabalho: “A gente tá sempre mirando onde a gente pensa que pode conseguir esse apoio, conheço muitas pessoas que tentam muito e acabam não conseguindo, então tenho que pensar em como englobar mais artistas ao lançar um álbum, por exemplo para também contemplar a eles”

Ná Figueredo, o homem por trás da marca de roupas, casa de eventos, palco, entre outras funções que seu espaço cultural oferece, já trabalhou em diversas áreas da música, mas hoje em dia foca em gerenciar o Selo Na Music. Ele conta sobre a história da loja que é conhecida pelos paraenses e do local que é referência em espaços de shows em Belém. Sobre o mercado fonográfico da capital paraense, comentou quando o CD tomou conta nos anos 80 e como a cena funcionava na cidade. Falou também sobre a atualidade: “O mercado vai muito além do spotify e do streaming”.

Em debate, Zate comentou também sobre os processos musicais de produção serem parecidos com os comentados por Ná: “Existe uma linha que divide artistas independentes que se auto distribuem ou se distribuem como pequenos selos, e tem as grandes gravadoras que são um desafio de se acessar a vida toda”. 

O Festival Psica Dourado tem patrocínio máster da Petrobras, do Nubank e patrocínio do Mercado Livre através da Lei de Incentivo à Cultura Rouanet e Ministério da Cultura. O apoio institucional é da Secretaria de Estado de Cultura e Governo do Pará. A realização é da Psica Produções, Ministério da Cultura e Governo Federal União e Reconstrução.